Tosse

A tosse é um mecanismo de defesa que a natureza criou para proteger a nossa via respiratória.

É um sintoma muito comum em qualquer faixa etária.

Na infância, ela causa grande desconforto e angústia principalmente aos pais, que às vezes ficam sem ferramentas para atuar diante dela, além de passarem muitas noites mal dormidas.
Existem alguns tipos diferentes de tosse, e cada um deles tem um significado.

• Tosse seca é aquela que não tem envolvimento de secreção (catarro). Sua origem é o estímulo ou inflamação das vias aéreas. É frequentemente observada no início dos quadros gripais ou nos engasgos.
Quando persiste por longos períodos, pode ser sintoma de doenças alérgicas como a asma. Nesse caso, ela costuma estar acompanhada por chiados, que são sons semelhantes ao miado de um gato.

• Tosse produtiva é caracterizada por movimentar variadas quantidades de secreção, o que faz com que fique “grossa”. Essa secreção quase sempre é eliminada para a boca e engolida pela criança. Esse tipo de tosse tem um papel muito importante na limpeza das vias respiratórias em quadros infecciosos ou inflamatórios que aumentam muito produção de secreção. Portanto, deve ser considerada como um fator positivo, pois é sinal de que o organismo da criança está dando conta de procurar um caminho de cura. O processo de cura total leva cerca de três semanas e, nesse período, é totalmente normal que haja crises de tosse.
Quando associada à febre por mais de 72 hs, piora da tosse ao deitar e presença de secreção verde/amarela, pode se tratar de alguma complicação bacteriana, sendo necessário tratamento específico.

• Tosse ladrante é aquela tosse rouca, grosseira, parecida com a tosse de um cachorro ou uma tosse dentro de uma lata. É a tosse típica de uma obstrução parcial da via aérea superior. É muito comum em casos de laringite, que é uma inflamação na parte baixa da garganta, geralmente secundária a um quadro gripal que pode ou não aparecer associada à rouquidão, dificuldade respiratória e a um som grosseiro ouvido (parecendo o som de uma foca) quando a criança puxa o ar. A presença desse som associado a dificuldade para respirar é um sinal de gravidade. Nesse caso, um pronto-socorro deve ser procurado imediatamente.
Quando essa tosse aparece de repente, em criança que estava bem e saudável, temos que pensar na possibilidade da aspiração de algum objeto, como uma peça de brinquedo ou alimento

• Tosse em salvas que é caracterizada por ataques de tosse e é comum em casos de coqueluche, também chamada de pertússis ou tosse comprida.
A coqueluche é uma infecção respiratória que, graças à vacinação, tornou-se pouco frequente no Brasil, porém, pode ocorrer principalmente em bebês pequenos, que ainda não têm idade para serem vacinados. Pode ser grave quanto menor for o bebê, e é caracterizada por ataques com muitas tosses na mesma respiração, frequentemente acompanhada por uma inspiração muito profunda que gera um som alto. Como o período expiratório fica muito prolongado, pode faltar o ar para a criança, que pode ficar sonolenta ou ter alterações na cor da pele (que pode ficar pálida, muito vermelha ou roxa) após uma crise.

• Tosse psicogênica, que é aquela autoprovocada. Nesse caso, a criança produz a tosse nos momentos em que está sendo observada, como uma forma de atrair a atenção dos adultos. Essa tosse habitualmente melhora durante o sono ou quando não há outras pessoas próximas.

Como cada tosse tem características diferentes e pode ter causas muito distintas, o tratamento deve ser individualizado a partir da avaliação médica detalhada da criança.

Em geral, as tosses secas e produtivas que duram menos do que três semanas podem ser consideradas como resposta natural do organismo a alguma agressão externa, e não precisam, usualmente, ser tratadas com medicações, uma vez que têm papel fundamental na limpeza das vias aéreas, e a “cortá-las” podemos atrasar o processo de cura ou até mesmo complicar a doença por permitir o acúmulo da secreção.

Nesses casos, o mais indicado é higienizar e umidificar as vias aéreas, ou seja, realizar lavagem nasal e inalações apenas com soro fisiológico ou vaporização (com o vapor do chuveiro), alem de aumentar a ingestão de água. Isso irá reduzir a irritação da mucosa respiratória, diminuindo o estímulo causador da tosse, além de remover o excesso de secreção.

Tosses que persistem por mais de 3 semanas, sejam acompanhadas de febre por mais de 72 hs, assim como aquelas em que há falta de ar, sonolência ou alteração da cor da pele após a crise, precisam de investigação, a fim de se descartar causas possivelmente mais graves