Pessoal, é um prazer ter vocês por aqui. O assunte de hoje é bem controverso.
Já tem alguns anos que o termo “virose” se transformou em piada em relação ao meio médico. A verdade é que virose é qualquer doença causada por vírus.
Em meio às conversas cotidianas, frequentemente se escuta a seguinte frase: “Levei meu filho ao médico e ele disse que é só uma virose. Toda vez é a mesma coisa! Pra esses médicos de hoje em dia tudo é virose.”
O fato é que se estima que cerca de 70 a 80% das doenças que acometem as crianças sejam causadas por vírus. Há uma grande diversidade de vírus que podem ser responsáveis por doenças infantis, principalmente no trato respiratório e gastrointestinais. Dessa forma ao dizer que é uma “virose” o médico provavelmente está correto. Entretanto, ao dar o diagnóstico de “virose” o médico em questão não conseguiu ser preciso em explicar aos pais o problema da criança. Vamos a um exemplo.
Se eu te convidar para um churrasco na minha casa e você me perguntar onde eu moro e eu te responder: “No Brasil.”, minha resposta estará correta, mas isso não faz com que você consiga chegar. Da mesma forma se eu disser que moro em Jundiaí, ou no Bairro X.
O que acontece quando examinamos um paciente é que nem sempre conseguimos dar o diagnóstico da causa exata do que está acontecendo pois muitas vezes é muito difícil identificar qual o vírus que está causando o problema. Então, nem sempre te darei meu endereço com rua, número, complemento, CEP e ponto de referência. Mas ao menos tenho que tentar dizer o nome da rua e o número.
O que quero dizer com essa analogia é que os vírus são seres incrivelmente adaptáveis, e sua capacidade de mutação pode resultar em uma variedade de sintomas e gravidades. Não podemos subestimar o poder desses bichinhos e reconheçamos que, embora a maior parte das viroses sejam leves, outras tantas demandam atenção especial. AIDS é virose, COVID é virose, dengue é virose…
Como pais, é fundamental que vocês se mantenham informados e conscientes que independente do agente causador, o foco é observar a criança e identificar os sinais de alarme para procurar ajuda quando necessário. Sem se esquecer que prevenção, por meio de boas práticas de higiene e, quando apropriado, vacinação, é fundamental para proteger nossas
crianças de possíveis complicações.
Em resumo, viroses não são todas iguais! Vamos abandonar a ideia de que todas as viroses são inofensivas. Cada infecção viral é única e merece ser tratada com a seriedade que sua natureza exige. Ao reconhecer a diversidade e o potencial sério das viroses, podemos melhor proteger a saúde de nossos pequenos.
Fiquem atentos, e lembrem-se: a informação de qualidade é uma grande aliada na jornada da saúde infantil e em caso de dúvida, não deixe de procurar o pediatra da sua confiança e conte comigo para o que precisar.