Dermatite Atópica (DA)

Dermatite Atópica é uma doença crônica, que se apresenta em crises recorrentes e causa inflamação da pele levando ao aparecimento de vermelhidão, coceira, pele seca, descamação e outros sintomas. Pode ter localização variável e afeta, geralmente, indivíduos com história pessoal ou familiar de asma, rinite alérgica ou DA.

Uma boa analogia para entender o que acontece é imaginar que a nossa pele é uma barreira e, está para o nosso corpo, como a parede está para uma casa. Assim como uma parede separa o que está dentro e o que está fora de uma casa, a pele faz isso com nosso corpo. A parede é feita por tijolos que se interligam por cimento e a pele é feita de células que se interligam por gorduras. Na pessoa que tem DA, essas gorduras não têm quantidade ou qualidade suficientes para interligar essas células, então é como se a casa tivesse uma parede feita com pouco cimento ou com um cimento de má qualidade. O que acontece então? Não há integridade dessa barreira e, portanto, coisas que não deveriam entrar acabam entrando (como os irritantes ambientais, aeroalérgenos, entre outros) e outras acabam escapando (principalmente a água, por evaporação). E essa alteração é que acaba levando aos sintomas da doença.

A causa exata da DA é desconhecida, mas é certo que muitos fatores podem colaborar para seu surgimento.

Além da predisposição individual, a transpiração excessiva, fatores climáticos (como temperatura, umidade, radiação e poluição do ar), os aeroalérgenos (como poeira doméstica que é composta predominantemente por ácaros, resíduos das casquinhas das baratas, fungos, “pelos” (que na verdade engloba, pelos saliva e pele) de animais como cão e gato alguns germes como fungos e bactérias que moram na pele e, em uma minoria dos casos alimentos, são alguns dos fatores que podem estar envolvidos no desenvolvimento da DA.

Os principais sintomas da DA são a coceira (que está presente na quase totalidade dos paciente, é provavelmente o sintoma que mais impacta a qualidade de vida dos pacientes) e as lesões da pele (que são variáveis, podendo ser desde uma pele seca, até lesões que se apresentam como um tipo de ferida, geralmente avermelhada, que pode vir acompanhada de saída de líquidos e espessamento da pele) que se localizam, principalmente no rosto, tronco e dobras dos membros, mas não se restringe apenas a essas partes. Em casos mais graves, a DA pode acometer praticamente todo o corpo.

Seu diagnóstico é iminentemente clínico e, portanto, os exames quando necessários precisam ser interpretados com muito critério. É muito comum, crianças que têm DA, terem seus “exames de alergia” bastante alterados, o que nem sempre representa que a criança é alérgica a tudo que apareceu nesses exames.

O tratamento da DA é composto de diversos pilares e para cada um deles, existem terapias específicas:

• Hidratação (que tem como objetivo repor o “cimento” que falta e reestabelecer a barreira), em que usamos hidratantes específicos, que precisam ser de boa qualidade (contendo substâncias oclusivas, emolientes e umectantes, bem como ácidos graxos essenciais e ceramidas) e serem usados de forma intensiva (estimamos cerca de 100, 150, 200 e 500 gramas por semana, a dependera da idade).

• Controle da inflamação, onde são usados cremes e pomadas contendo medicamentos, que auxiliam no controle da inflamação. Habitualmente são compostos por corticoides (que são fundamentais na fase aguda já que são muito eficazes, mas devem ser indicados e usados corretamente para se evitar efeitos colaterais a longo prazo, como afinamento da pele e estrias) e os imunomoduladores (que estão indicados em áreas de pele mais sensíveis, visto que não trazem os mesmos efeitos colaterais dos corticoides). Pode- se lançar mão também de corticoides e imunossupressores orais, que são reservados para formas mais graves, e devem sempre ser prescritos por especialistas.

Mais recentemente temos como excelente opção o tratamento com imunobiológicos, que são medicamentos mais modernos com indicações precisas e sempre devem ser indicados por especialistas

• Controle das infecções de pele, através de antibióticos e/ou antifúngicos, que que podem ser usados em formas de cremes ou por via oral e são indicados quando há suspeita de infecção ou colonização da pele por bactérias e/ou fungos. O uso preventivo, geralmente não está indicado.

• Controle da coceira (que é provavelmente o mais desafiador), em que usamos medicamentos pra reduzir a sensação da coceira. Os antialérgicos (anti histamínicos) orais são os mais usados, principalmente no período noturno, mas sua eficácia é bastante discutida, visto que na DA, a coceira não é causada pela liberação de histamina (substância em que agem os antialérgicos).
Para controlara a coceira é importante controlar a DA como um todo.

• Evitar os agentes descendentes e agravantes, com medidas comportamentais