Asma

A asma é uma doença inflamatória crônica que pode ter manifestações variadas, desde uma tosse que dura muito tempo até crises de falta de ar que podem levar a internações ou até mesmo situações extremamente graves, entretanto, os sintomas mais comuns são: tosse, sensação de aperto no peito, falta de ar, tosse durante a noite ou ao acordar, bem como tosse e falta de ar desencadeado por esforço (exercício, riso ou choro).
Quem tem asma pode até morrer com a asma, mas com o tratamento adequado, não vai morrer da asma.

Asma tem 2 componentes predominantes: A inflamação crônica, que muitas vezes as pessoas não identificam e o broncoespasmo agudo (as crises) que são facilmente identificadas por todos.
É muito importante entender que a inflamação é quem ocasiona as os sintomas e as complicações secundárias à asma e por isso deve ser o foco do tratamento, principalmente preventivo. Porém sem negligenciar, claro, o tratamento das crises, já que são elas que realmente ameaçam o bem-estar físico das crianças de forma aguda, mas é importante entender que, na imensa maioria dos casos, não basta realizar apenas o tratamento das crises.

O diagnóstico de asma pode ser um desafio, principalmente nos menores de 5 anos, uma vez que não há um teste ou exame que comprove a sua presença, portanto, o diagnóstico é baseado na história clínica e pode ser reforçado com alguns exames laboratoriais e/ou testes alérgicos específicos (como o prick test que será melhor detalhado em outro capítulo). Já nos maiores, existem a possibilidade da avaliação da avaliação da variação do pico de fluxo expiratório (PFE ou peak flow) e da espirometria (porém isso depende da criança conseguir coordenar corretamente a respiração voluntária).

Há algumas pessoas que tem crises muito eventuais, sem outros sintomas no dia a dia e então só podem usar medicações apenas quando tem alguma crise. Entretanto a maior parte das pessoas precisa usar medicamentos todos os dias para manter a doença sob controle e assim levar uma vida completamente normal. Só o médico pode indicar quem precisa ou não de medicamentos preventivos ou apenas nas crises.
Além do uso dos medicamentos receitados pelo médico, é importante identificar os fatores causadores como, por exemplo, algum alérgeno (que nesse caso chamamos de aeroalérgenos) como poeira doméstica (composta predominantemente por ácaros, resíduos das casquinhas das baratas), fungos, “pelos” (que na verdade engloba, pelos saliva e pele) de animais como cão e gato, assim como irritantes, mudanças bruscas de temperatura e infecções virais, com o intuito de conseguir manter um controle frente a esses agentes (mais à frente teremos dicas de como tornar o ambiente mais apropriado para quem tem alergias respiratórias), para evitar o agravamento da doença.

Como parte muito importante da nossa estratégia de tratamento, temos a imunoterapia alérgeno específica, que quando bem indicada pode mudar definitivamente a história natural da asma e de outras doenças e fazer como que os agentes desencadeantes deixem de acarretar exacerbações. É algo tão importante que terá logo mais, um capítulo só pra ela.

O que dizer das famigeradas bombinhas?
O inalador em spray, conhecido popularmente como “bombinha”, tempos atrás trazia pânico pra muitas famílias. Mitos acerca desses dispositivos fizeram com que muita gente os evitasse a qualquer custo. Nos últimos anos houve uma grade popularização das bombinhas, fazendo como que esse medo extremo diminuísse muito (apesar de alguns familiares, principalmente avôs e avós ainda serem bastante resistentes).

Pra começo de conversa, é fundamental entender que o inalador em spray não é um medicamente e sim uma forma de se administrar alguns tipos de medicamentos, para que eles tenham ação no sistema respiratório (mais especificamente nos pulmões). E diferente do que se dissemina por aí, elas não fazem mal para o coração, e podem ser usadas, inclusive por asmáticos com problemas cardíacos, desde que devidamente prescrito por um médico.

Existem diversos tipos de bombinhas e elas podem conter medicamentos diferentes, seja para tratar as crises ou para preveni-las.
As bombinhas também não viciam, esta é uma falsa impressão que muitas pessoas têm, por estarem se “tratando” exclusivamente com bombinhas de ação broncodilatadora (para tratar as crises), precisando então, usar doses cada vez maiores e com maior frequência, para rápido alívio dos sintomas, isso acontece quando a inflamação crônica não está controlada. Nestes casos, o médico deve ser consultado para avaliar se a necessidade do uso de bombinhas de corticoides inalatórios (para prevenir crises), ou algum outro medicamento, a fim de reduzir a infl¬amação da via aérea.

A introdução da terapia com corticoides inalatórios é segura e sabidamente tem o poder (quando bem indicada) de reduzir a frequência de crises e os sintomas do dia a dia e, consequentemente, o uso abusivo de broncodilatadores de ação rápida.

Saiba que as bombinhas podem ser grandes aliadas e não tenha medo delas! O Importante é usar com sabedoria e sempre com orientação médica.