É uma resposta imunológica anômala, que ocorre após a ingestão e/ou contato com determinados alimentos e depende de fatores individuais.
O termo “alergia alimentar” (seja qual for o alimento envolvido) não se refere a uma doença, mas sim a uma condição, que pode levar a um grupo variado de doenças, a depender do seu mecanismo de ação.
Dividimos didaticamente as alergias alimentares em 3 grandes grupos, de acordo com seu mecanismo.
Lembrando que, uma vez confirmado o diagnóstico, a dieta de exclusão do alimento, geralmente se faz necessária e é muito importante se atentar à leitura de rótulos e a perguntar diretamente em restaurantes e estabelecimentos comerciais a respeito da possibilidade de que o alimento ao qual a criança é alérgica pode estar presente em alguma preparação, bem como a respeito da chance de contaminação cruzada (formas untadas, alimentos pincelado, utilização dos mesmos utensílios em diferentes preparações…), em casa se atentar a uso de utensílios de plástico, madeira e borracha que podem “segurar” quantidades relevantes de proteínas, lembrando que pratos e talheres lisos, microondas e forno podem ser compartilhados após serem higienizados.
A dieta de exclusão das mães que amamentam só deve ser realizada se a criança apresentar sintomas através do leite materno. Nos casos em que só apresentam sintomas pelo alimento em si e não pelo leite materno, a mão poderá manter o consumo.
AA IgE mediadas
É o tipo de alergia em que o organismo produz um anticorpo (que chamamos de IgE) contra um alimento específica.
Nas AA IgE mediadas, quando nosso corpo entra em contato pela primeira vez com um alimento, ele, equivocadamente, o interpreta como um possível agressor, então o sistema imunológico produz anticorpos (IgE) específi¬cos contra o alimento, e eles ficam prontos para uma resposta futura. Em uma nova exposição do organismo frente àquele alimento, o sistema imunológico o reconhece e age rapidamente contra ele.
Essas reações, em sua imensa maioria, começam muito rapidamente (de poucos minutos até cerca de 2 horas da exposição ao alérgeno) e suas principais manifestações são as urticárias agudas e a anafilaxia (que estão detalhadas em outros capítulos).
Na maioria das vezes as AA IgE mediadas, não causas sintomas através do leite materno, sendo incomum necessitarmos de dieta materna.
Neste grupo o diagnóstico pode ser feito através de uma boa história em conjunto com exames laboratoriais e/ou testes alérgicos específicos (como o prick test que está detalhado em um outro capítulo) que podem ajudar a confirmar a presença da IgE específica (porém sua interpretação precisa ser cuidadosa e criteriosa, para não levara diagnósticos equivocados), mas o melhor teste indicado é o teste de provocação oral (TPO – que está detalhado em um outro capítulo) e é u único capaz de confirmar ou excluir definitivamente uma alergia alimentar.
A boa notícia é que para este tipo de AA temos a possibilidade de usar um tratamento muito eficaz chamado imunoterapia alérgeno específica (que está detalhada em um outro capítulo), que tem a possibilidadecde “curar” esse tipo de alergia.
AA não IgE mediadas
Neste grupo a linha de defesa utilizada pelo organismo para combater os alérgenos é a linhagem celular (diversos tipos de células podem estar envolvidas), e que tem ação mais lenta, levando a reações mais tardias que podem levar de 6 horas até alguns dias para aparecerem e se manifestam geralmente com sintomas gastrointestinais variados, como sangue nas fezes, refluxo intenso, cólicas (não isoladamente), diarreia, constipação, vômitos abundantes e recorrentes, que podem ser seguidos de letargia e desidratação (como na síndrome de enterocolite induzida por proteína alimentar – FPIES, que está detalhada em um outro capítulo).
A maior parte dos casos causa sintoma pelo leite materno, sendo frequente a a necessidade de dieta materna.
O diagnóstico depende muito de uma de história clínica detalhada, a fim de correlacionar o surgimento dos sintomas com a ingestão de determinado alimento, porém em muitas situações essa relação não é tão evidente.
Nesses casos, os exames laboratoriais e/ou testes alérgicos específicos (como o prick test) não estão indicados, já que visam identificar o IgE, que não faz parte desse tipo de reação (exceto na FPIES, em que podem ser uteis). Para o diagnóstico de certeza, é necessário fazer a exclusão do alimento suspeito por um período que varia de acordo com a manifestação clínicas, seguido de reintrodução (que em alguns casos, o médico pode orientar que seja feita em casa, sem supervisão médica, porém em outros, deverá ser feita sob supervisão).
A Decisão de controle de traços (alimentos com a informação “pode conter”) devem ser avaliadas criteriosamente.
AA mistas
É uma situação em que temos o envolvimento tanto dos IgEs, quanto de células do sistema imunológico.
São quadro mais complexos e que se manifestam geralmente como dermatite atópica e esofagite eosinofílica (que estão detalhadas em outros capítulos).
